Dada a importância do tema ministrado pelo
Maj PM Ramalho, quando explanou sobre a realidade sócio-
econômico-cultural dos bairros que integram a região do Nordeste de
Amaralina, associando a
atividade policial com essa realidade, me sinto obrigado a retomar esse assunto devido ao intenso debate em sala , durante uma aula da disciplina Direitos Humanos. Pelo que percebi, não ficou clara a mensagem, pelo menos em relação ao entendimento pretendido pelo
Palestrante e a interpretação feita por alguns colegas, que naturalmente expuseram suas opiniões.
Diante disso e para que se tenha uma interpretação mais consciente e sensata do que foi exposto, farei algumas considerações.
Afastando de uma vez por todas divagações que em nada contribuirá para o aperfeiçoamento dos futuros oficiais, quero relembrar aqui o tema em questão, como os senhores podem conferir na
postagem do dia anterior, a" Humanização a prestação de serviços a comunidade".
Analisando-se com cuidado tudo o que foi dito, a abordagem do tema foi feita sob a perspectiva dos Direitos Humanos, e tudo o que foi exposto, ao meu ver, foi de pertinência fora do comum.
Inicialmente o palestrante proferiu uma assertiva interessante, quando disse " ninguém nasce criminoso, a formação do indivíduo desviante é fruto de vários fatores", o que por certo todos hão de concordar com isso. Nesse contexto, e para que se vislumbre melhor ainda a mensagem, trago a vocês os tópicos do que foi exposto de maneira muito objetiva, foram exibidos
- Indicadores de criminalidade nos bairros ( homicídios, tentativas, disparos de arma de fogo, etc)
- Imagens mostrando-se as condições de trabalho dos PM;
- Indicadores de Evasão Escolar nas principais escolas;
- Foram mostradas as condições de funcionamento dos Conselhos comunitários de Segurança Pública;
- A busca de integração da Companhia e o PROERD;
- A compreensão do indivíduo no espaço sócio-cultural e as possíveis explicações para o desvio social , bem como as formas ou idéias possíveis para se concretizar os Direitos Humanos nessa Região;
- A infra-estrutura dos bairros que compõem a região;
- As ações criminosas contra a PM, dentre outros aspectos.
Partindo-se dos tópicos supracitados, só temos a ratificar o pensamento de que é unanimidade se dizer que Segurança Pública, no que concerne a sua ineficiência e ineficácia, com certeza não é um problema exclusivo das forças policiais, seja por parte de quem exerce a função de chefia , seja por parte de quem é comandado .Incorreríamos em flagrante imaturidade pensar dessa forma. Mas isso por ora tem que ser dito, a fim de que as mentes se abram. Mas aonde eu quero chegar?
Senhores, se ficarmos preocupados apenas com o " modus operandi" dos criminosos, nos determos com afinco aos domínios das técnicas de abordagem, por certo não conseguiremos alcançar o objetivo previsto no art 144 da CF, isso é importante, mas não é tudo. Para se chegar muito próximo do ideal de Segurança Pública , faz-se necessário um planejamento prévio em que se deverá haver preocupação com fatores interdependentes e que se correlacionam, a exemplo do que foi exposto na Palestra, mas que infelizmente não foi compreendido por todos. Não há mais espaço para o entendimento de polícia como a solução para todos os problemas, entretanto há espaço para a compreensão de polícia enquanto parte integrante de uma sociedade e que com ela interage.
Por isso, devemos evitar conclusões precipitadas em relação a determinadas ações da nossa polícia, a exemplo de algumas colocações feitas, do tipo: " não é papel da polícia conhecer os índices de evasão escolar", ou " a repressão aos criminosos é o melhor caminho". Não se admite mais interpretações isoladas que desconsideram uma série de fatores. Temos que acordar nesse sentido.
Aproveitando-se a oportunidade, é muito bom que se saiba das dificuldades encontradas pelos comandantes, para que isso sirva como parâmetro norteador para os futuros oficiais , que possivelmente estarão comandando uma determinada área. E para complementar, é melhor que evitemos conclusões vagas que nada acrescentarão no nosso aprendizado. Sejamos sensatos.